Hoje é aniversário da Mara e desde 2009 tenho o prazer de conviver essa passagem de ciclo com ela.
Feliz ano novo Mara!
Que possamos, você, Vicente, Helena e eu, viver muitos e muitos dias 30 de outubro juntos, sorrindo e rindo demais!
Te amamos ao infinito e além!
Vicente, Helena e eu.
COMO CHEGAMOS ATÉ AQUI
Essa é a história da Chapeuzinho Vermelho e o Lobo. Não aquela
Chapeuzinho que a gente já conhece e nem aquele Lobo tão falado por nossos pais
nos contos de fadas, que de mau, na verdade, não tem nada. É a história do
verdadeiro encontro de Chapeuzinho com o Lobo, o seu Lobo.
A Chapeuzinho era uma menina muito bonita. Cresceu em uma família com muitos
irmãos em uma propriedade do interior, quando ainda criança veio para a cidade.
O Lobo em questão nunca morou no interior, sempre na cidade. Crianças comuns
como a maioria das crianças de sua época, Chapeuzinho e Lobo se conheciam desde
pequenos, embora pouquíssimas vezes tivessem conversado. Foram colegas na mesma
escola, faziam praticamente as mesmas atividades, inclusive os esportes, que
tanto chamavam a atenção do Lobo e nem tanto assim da Chapeuzinho.
O tempo, que não falha jamais, coube a ele aproximar e também distanciar nossos
personagens deste conto de fadas nada convencional. A adolescência chegou, o
Lobo, motivado pelo trabalho interno de seus hormônios, iniciou suas lides de
aproximação com às da sua espécie. Chapeuzinho, por sua vez, era muito bem
vigiada por seus irmãos, os quais não se descuidavam da jóia preciosa que
nascera entre eles. Nas idas e vindas dessa época tão conturbada para ambos –
para ele pela necessidade de provação e aprovação entre seus semelhantes, para
ela o contrário, a discrição era praticamente uma necessidade – o Lobo, audaz e
metido, resolve firmar compromisso com uma semelhante de Chapeuzinho. Até aí
nada de mais, pois a própria Chapeuzinho nesta época da vida também
encontrava-se na mesma situação.
Foram raras, porém não
pouco satisfatórias para o Lobo, as vezes que se encontraram, que conversaram,
que praticaram seus esportes conjuntamente e até viajaram com esse objetivo.
Tomado de admiração pela beleza inebriante da Chapeuzinho, o Lobo, coitado,
nunca se atreveu a apresentar-se para ela com aquelas intenções tão bem
conhecidas que garantem o futuro de nossas espécie.
Veio a idade adulta. Tanto Chapeuzinho quanto o Lobo foram em busca de seus
objetivos de vida. Estudaram, amadureceram, quase casaram e um dia, um dia para
jamais esquecer, se reencontraram. A Chapeuzinho tinha terminado seu
relacionamento há pouco tempo – nem tão pouco quanto o Lobo - e de volta ao seu
cotidiano de mulher bonita, encantadora, inteligente e especialmente solteira,
um dia foi convidada para um programa entre amigos numa noite de sábado. Nosso
herói, por sua vez, que nem morava mais naquela freguesia, resolvera fazer dos
estudos seu meio de vida e na maior das coincidências - se é que podemos falar
em coincidências nessa altura da vida - resolveu fazer uma visita à sua mãe e
também aos seus poucos e bons amigos, obviamente da mesma espécie que ele.
Naquela noite, o Lobo chegou para a tal reunião entre amigos e parecia um
simples poodle perdido, nem parecia o Lobo que sempre foi e que cresceu no meio
das pessoas mais estranhas possíveis de serem encontradas na face dessa terra.
Ia de um lado a outro, sem saber o que fazer, com quem se enturmar, até que de
longe observou que a Chapeuzinho estava por lá. Tanto tempo, tantos anos e por
mais incrível que parecesse, ela era exatamente a mesma. Como iria falar com
ela? Como se aproximar? Afinal de contas, apesar de serem de espécies
diferentes, o Lobo sempre olhou para elas com outros olhos...olhos de Lobo Mau!
Ela por sua vez, mestre na arte da discrição, pouco fez da presença do
Lobo...ou pelo menos pareceu assim!
Ao meio da reunião, veio enfim, o jantar quando o Lobo respondeu que não comia
carne. Todos ao redor, olharam para ele como que perguntassem desde quando lobo
não come carne, quando sem pestanejar a Chapeuzinho naturalmente respondeu:
- Eu como!!!
O jantar terminou. As pessoas começaram a se reunir em pequenos grupos para
continuar seus assuntos interrompidos pela chegada da comida à mesa, outras
preferiram ouvir música. Quando tudo levava a crer que mais uma vez o Lobo e
Chapeuzinho apenas se encontrariam casualmente em uma conversa paralela ele
menciona que Che Guevara, o mártir da Revolução Cubana e inspiração para
milhões de jovens no mundo inteiro, era também uma pessoa a quem ele próprio
admirava. Ouvindo de canto e observando o discurso do Lobo, Chapeuzinho não
perde tempo em afirmar que também admira aquela famosa figura de cabelos
despenteados imortalizada na imagem clássica da boina com a estrela comunista.
Estava enganado...enfim alguém que tenha uma cabeça boa e um papo interessante
nesse jantar! Se não houvesse possibilidade de um encontro mais apimentado com
a Chapeuzinho, pelo menos tinha a certeza de que a conversa enfim iria
melhorar.
A noite, como se diz, é uma criança e assim foi que nossos personagens seguiram
para uma festa. Cheio de pretensões, o Lobo, fazendo jus ao uma de suas maiores
qualidades, o faro, discretamente deu uma cheirada na Chapeuzinho ao entrar no
carro dela. Foi para saber se o cheiro o atiçava tanto quanto sua presença,
confessou ele certa vez. Mais tarde ficou sabendo que sua tentativa de sentir o
aroma de chapeuzinho nem fora tão discreta como até então imaginara. Estava
perdendo o jeito!
Na festa, Chapeuzinho se esquivava, enquanto o Lobo pensava em armar sua
tocaia. Acabaram voltando juntos para casa – ela ofereceu carona e ele, que de
bobo não tem nada, aceitou – quando enfim puderam conversar sobre as diferenças
entre suas espécies e mais ainda sobre a semelhanças que nem imaginavam ter.
Pouco tempo demorou para saber que seriam apenas um no futuro. O Lobo voltou
para a cidade onde vivia e terminar seu trabalho que estava pendente. E assim
foi durante sete meses. Nesse período, o Lobo frequentemente enfrentava horas a
fio de estrada para encontrar sua Chapeuzinho, que também não ficava para trás
no sofrimento, na ausência e na vontade de estar sempre junto. No embalo da
paixão avassaladora, não tardou a decidir que ficar sem sua Chapeuzinho era
algo impensável, impossível e por isso voltaria ao lugar onde nasceram e enfim
se encontraram, para planejar suas vidas dali para frente.
Sabe aquelas histórias ao estilo Eduardo e Mônica? Aquelas pessoas que nem no
mais fértil imaginário ficariam juntos? Pois é, essa é a história do Lobo e da
Chapeuzinho, que desde pequenos se conheceram, conviveram e se encontraram
muitos anos depois. O primeiro resultado desse encontro nasceu dia 12 de julho
de 2013 às 11:47hs de uma manhã ensolarada e atende pelo nome de Vicente.
Recentemente chegou mais um dos feitos da Chapeuzinho e do Lobo. Se chama
Helena e veio ao mundo em uma quarta feira de sol e calor (06 de janeiro) de
2016.
O sol nasce e se põe a
cada dia e quando menos esperamos, eis que surge na nossa frente aquele alguém
que nos conduzirá rumo à felicidade e a realização. Essa é a história de um
Lobo solitário e uma Chapeuzinho cheia de atitudes e ao contrário do que
ouvimos dos contadores de histórias, "Pirlim pim pim, essa história não
chegou ao fim".






