Não é difícil encontrar, especialmente em restaurantes, pais que liberam seus telefones aos filhos para que naveguem pela internet e assim possam fazer suas refeições em paz.
Confesso que isso funciona bem!
Só para deixar claro, não sou contra que crianças usem tecnologias para terem novas vivências. Existem bons exemplos de como a tecnologia pode servir como coadjuvante em vários aspectos educacionais de crianças. As principais vantagens constatadas na utilização de recursos tecnológicos na educação com os alunos são:
- despertar da curiosidade
- aumento da criatividade, principalmente nos casos de utilização no auxilio à aprendizagem de crianças deficientes
- uma ferramenta poderosa no auxílio do aprendizado, como por exemplo a utilização de softwares educacionais (multimídia)
Naturalmente, existem também as desvantagens, como uma provável superexposição dos nossos pequenos, especialmente se fazem uso de redes sociais e a dificuldade de abstração do conteúdo visto, ou seja, a possibilidade de que um conteúdo considerado impróprio ou não indicado para a idade venha a se tornar uma má influência comportamental dos nossos filhos.
Honestamente penso que a tecnologia é um caminho de mão única avançando a passos largos para o uso cada vez mais frequente em todos os ambientes. Eu mesmo já fiz algumas experiências com meus alunos no ensino superior, utilizando um aplicativo (Socrative) o qual é destinado a realizar avaliações de conhecimento: elaborei algumas questões de prova que deveriam ser respondidas pelo aplicativo. Meu telefone recebia em tempo real as respostas dos alunos e já enviava uma planilha em formato excel para os email previamente cadastrados dos mesmos, para que pudessem ter ideia do seu aproveitamento. A experiência resultou em um relato de experiência, que foi submetido à uma revista especializada da área.
Na visão de boa parte dos alunos, foi uma bela experiência. "Inovadora" foi a definição mais utilizada.
Ao meu ver: uma avaliação capenga...mas que brilha os olhos de quem gosta de tecnologia.
É claro que as experiências devem ocorrer, afinal de contas as gerações apresentam características comportamentais diferentes e se a educação - e os educadores - conseguir acompanhar essas tendências contemporâneas, todos saem ganhando.Não obstante, o que está sendo feito na Finlândia, onde a escrita manual está sendo substituída pela escrita em tablets/notebooks (leia aqui) não me agrada. Acredito piamente que a restrição à utilização da escrita manual traga consigo algumas limitações no campo da motricidade fina e no desenvolvimento da linguagem simbólica por parte das crianças. Só o tempo poderá nos dizer a magnitude das contribuições e das consequências dessa inovação finlandesa.
A escola que o Vicente frequenta costuma desenvolver projetos educacionais muito legais no transcurso do ano letivo.
O projeto deste trimestre, bastante oportuno diga-se de passagem, é voltado ao uso racional das tecnologias. Na verdade acho que o título do projeto não é bem esse, mas prefiro acreditar que o objetivo seja essa conscientização e reflexão do uso das tecnologias (notebook, tablets, smartphones) tanto pelos pais quanto pelos alunos.
Após um breve levantamento do uso de tecnologias das crianças, a escola propôs o Dia Sem Tecnologia: dia em que os pais que decidissem aderir à proposta deveriam proporcionar e participar conjuntamente de atividades que as crianças gostam...sem tecnologias.
A proposta vem ao encontro da necessidade de gerenciar a quantidade e a qualidade do que nossos filhos assistem/jogam na internet. O Vicente, por exemplo, adora acessar o YouTube para assistir vídeos de trenzinhos de brinquedo. Peppa Pig, Relâmpago McQueen e assemelhados também tem sua atenção.
Até pouco tempo atrás essa fascinação pelo telefone e consequentemente pela internet incomodava a mim e a Mara. Da fato ele passava bastante tempo "preso" naquela programação, especialmente em momentos antes de dormir. Tirar o telefone dele era bastante complicado e muitas vezes essa ação acabava em choro. Resultado: sono agitadíssimo.
Hoje ele está maior, entende certas coisas com mais facilidade e vivencia uma gama muito grande de atividades tanto na escola quanto em casa e tem dias que ele simplesmente não faz uso do telefone para essa finalidade.
Tenho em mente que essa nossa preocupação em restringir o acesso do Vicente à internet não é compartilhada por todos os pais. Cada um educa seu filho da maneira como lhe convém.
A questão é mais abrangente: nossos filhos são os adultos de uma próxima geração. Uma geração que já nasce exposta. Tiramos fotos de nossos filhos antes mesmo de nascerem (na ultrosonografia) e publicamos no Instagram.
Durante todo seu crescimento e desenvolvimento, a cada dentinho que nasce, cada tombo de bicicleta, cada gol na escolinha, sempre há um bom motivo para registrarmos o momento...e compartilharmos.
Observando esse comportamento, que provavelmente será repetido pelos nossos filhos, a escola lançou o segundo ponto chave da proposta: uma campanha de conscientização voltada à segurança de nossos pequenos,especialmente na internet.
Aqui em casa o Vicente gosta mesmo é do YouTube, mas isso não nos isenta de cuidados futuros e aproveitamos o Dia sem Tecnologia para fazermos atividades que ele gosta e até mesmo algo novo. Rolou desde montagem de blocos, passando pela ajuda na limpeza dos brinquedos guardados e terminando com a leitura do primeiro Best Seller (gibi do Chico Bento) do Vicente.
Ao final da noite, momentos antes de dormir, Seu Vicente pediu cheio de delicadezas - daquelas que convencem qualquer um a fazer um negócio contra a vontade - para ver o Tutu (Thomas e seus amigos no YouTube).
Nos rendemos a ele.
O dia foi "quase" sem tecnologia, mas valeu a pena.
Passar um tempo com as crianças, fazê-las experienciar novas situações é sem dúvida, um belo projeto, uma bela iniciativa.
Forte abraço a todos.
Roges e família.
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